D284, Bela internada novamente

Sentimento de mãe não se engana. Havia algo de esquisito com a Bela. Por mais que pudéssemos pensar no que não deveríamos, a Bel, como mãe, não estava com um bom feeling já desde sexta, principalmente no sábado a noite. Infelizmente não estava errada. Fechamos o dia com a Bela internada no Copa D'Or, mas poderíamos dizer que tudo relativamente bem administrado, se a medicina nos permite fazer prognósticos, principalmente no Planeta Leucemia, onde prever um dia à frente parece uma eternidade.

Meninas e também nós acordamos em um horário bom para uma manhã de domingo. A Bela estava alimentada pelas mamadeiras reforçadas da hora em que vai dormir e a outra de manhã cedo, seu café da manhã. Com a melhora do dia durante a manhã, ensaiamos sairmos com elas de bicicleta e ir na Lagoa, mas sentimos que a Bela estava manhosa, sensível, por mais que acompanhasse alegremente as brincadeiras em casa, principalmente com a Nana. Foi desacelerando, desacelerando e achávamos que poderia ser fome. Ledo engano. Fome é uma palavra que sumiu do seu vocabulário há uns 5 dias, ou mais. Nana bateu um pratão, nos cobrando sair de casa e a Bela pedindo sua chupeta e seu quartinho. Memórias não muito agradáveis.

Achávamos que dormiria de tarde e aproveitaríamos para lhe dar uma boa mamadeira, pois não comeu nada e estava difícil até para lhe dar líquidos. Deitada reclamou que estava com frio, pedindo um lençol para cobrí-la. Fato totalmente inusitado, pois as duas não gostam de cobertas. Prenúncio da febre que estava chegando. E chegou forte. De cara 38,2º, nova marcação 38,5º. Sabíamos que acima de 38º era hospital, mas ligamos para a hematologista para conferir, pois em momentos em que não estava com baixas defesas administramos um antitérmico a febre baixou e depois não teve mais nada. Mas como estava neutropênica no exame da semana passada, ficou a dúvida. Antitérmico sim e hospital também sim, para fazer um novo hemograma e ver como as defesas estariam se comportando e dependendo do caso iniciaria um antibiótico logo.

Perdemos a prática e tivemos que fazer as malas. Primeiro uma ligação voando para a Vovó Cecília nos dar uma ajuda com a Nana, que providencialmente estava sendo acolhida pelos nossos queridos Tio Cláudio e Tia Carla, com seus amiguinhos Pepê e Ana Clara. Ir comer o bolo de chocolate do aniversário do Tio Cláudio e brincar com o Pepê era um programa mais do que maravilhoso. Tivemos que acelerar, deixar a Nana lá e depois a vovó faria companhia à Nana e fomos nós voando para o hospital.

Febre cedendo muito pouco nessa não mais do que meia hora e antitérmico funcionando em pouquíssimo tempo. Optou-se para irmos logo para um quarto, pois a internação era bem provável e ali teríamos todos mais conforto do que no day-clinic. Preparamos nesse meio tempo nossa baixinha com Emla em seus dois bracinhos e suas mãos, para que dependendo da veia que fosse escolhida a área estivesse um pouco anestesiada. Ajuda mas não resolve e brincadeiras mil, entretendo nossa guerreirinha para que pudéssemos aliviar um pouco o sofrimento, pois optamos em fazer logo um acesso venoso, tanto para o hemograma, como para o que o resultado dele nos dissesse, pois se não fosse positivo, uma segunda picada estaria economizada. Exames clínicos feitos e por precaução um raio X do tórax. A chegada dos Vovôs Lena e Beto ajudaram muito, pois a Bela fez questão de tê-los por perto, até na descida para o exame de imagem. Com certeza se sente mais amparada, mais segura. É realmente uma guerreira, facilita muito a nossa vida, nos dá ensinamentos de vida. Poderia ser bem mais complicado, e não é, graças a Deus.

Resultados do hemograma relativamente positivos, com as defesas já bem melhores do que estavam na semana passada, não estando a Bela mais considera neutropênica, sem defesas no linguajar médico. Mas ainda na área de poucas defesas. Entretanto, será que faria mais febre de novo? Seu estado geral no hospital era outro. Tivemos que andar atrás dela com o equipo com o soro diversas vezes, até um momento em que quase perdemos o acesso venoso, que graças a Deus foi salvo a tempo.

Ficamos em um momento de decisão, ou melhor de indecisão e preferimos jogar um jogo 100% seguro. As opções eram: 1) voltar para casa, quase 8 da noite e ir fazer um novo hemograma na segunda-feira assim que acordasse, mas se tivesse febre de novo era voltar para o hospital imediatamente, ou 2) ficar no hospital, onde somos ultra bem acolhidos, onde temos a Bela monitorada e onde tentaremos evitar mais uma picada, tentando colher direto do acesso já feito. O cenário era quase que optativo, até a hematologista chegar e olhar o raio X. Pulmão limpinho, mas com o Ílio ligeiramente dilatado (achamos que é este o nome, que é a parte central do pulmão). Quadro típico de uma determinada bactéria que pode causar a pneumonia ou sinusite e dá muita tosse. Indecisão desfeita, recomendação de ficarmos, começar o antibiótico Azitromicina venoso, mas que também existe via oral para quando sairmos. Assim veremos se terá febre ou não e fazemos novo hemograma amanhã lá pelo início da tarde. Mas como nada é muito simples por aqui, a Bela fez uma pequena reação na infusão do antibiótico, reclamando de dor no braço e fazendo uma placas vermelhas no mesmo. Mais de 60% já tinha ido, mas veremos amanhã como proceder. Provavelmente passaremos para o oral e monitoraremos, pois as reações costumam ser mais fortes nos medicamentos intravenosos.

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Se tudo correr bem sairemos amanhã do hospital, provavelmente a noite. Nessas horas a administração das expectativas da Nana é o mais difícil. Tem horas em que podemos assegurar que é quem mais sente a doença da Bela, que tanto ama, com demonstrações mil de carinho, principalmente nessas horas mais difíceis. Papai voltou para buscar mais coisas em casa e a Nana fez questão de ir, mesmo já sendo quase 10 horas da noite. Não havia quem lhe convencesse a ficar com a vovó Cecília em casa e foram os 3 para o hospital, para a alegria a Bela. A Nana se assustou ao ver a mão e o antebraço da Bela enfaixados devido ao acesso venoso, mas imediatamente puxou a sua blusa para ver a cicatriz do cateter, sem curativo, o que lhe deu um certo alívio. Explicamos que era provisório, igual ao que ao Pepê colocou quando ficou internado, assim como sua priminha Bia, que havia lhe impressionado muito.

A Bela não teve mais febre, estava ainda bem animada, mas comendo ainda muito mal, que para os médicos seria natural pelo seu estado possivelmente de uma infecção viral, mas temos que mantê-la alimentada, não importa com o que seja, com todas as besteiras que consigamos lhe convencer a comer, mas alimentada.

Amanhã o papai já avisou que possivelmente não irá ao trabalho, com certeza de manhã, pois com a falta da mamãe, a Nana tem nele a sua segurança. Pediu para dormir com ele na cama, no lugar da mamãe e alegrou-se ao saber que o papai não trabalharia, que lhe levaria à escola também. Melhor assim. Portanto, mais um susto, relativamente administrado. Esperamos que a Bela melhore, que as febres sejam assuntos do passado e realmente amanhã possamos sair do hospital com ela.

Agradecemos a todos vocês que sempre reforçam seus pedidos pela Bela, com orações, pensamentos positivos, com energias e vibrações. Precisamos, a Bela, e também nós, que estávamos começando a curtir momentos mais tranquilos, e gostando bastante. Obrigado por estarem aqui e também por tão lindos comentários, que hoje de tarde, já no hospital lendo-os, mesmo vocês não sabendo que o domingo tinha sido pior do que o sábado, nos fizeram muito bem. Fiquem com Deus e até amanhã. Bel e Rodrigo