D193 R20, no limite

O efeito cumulativo dos corticóides é devastador. As variações de humor, prostração e inchaços, principalmente no rosto, pioram a cada dia. Não vemos a hora de começarmos a retirada programada dos corticóides. Quase que a totalidade das reações que a Bela teve logo no início do tratamento, em momentos internada, horas bastante duras, voltam agora, idênticas. Que aflição! Temos que manter o ritmo do jogo, mas estamos no limite, tentando não jogar a bola fora.

Temos evitado fazer programas com a Bela, tanto pela sua variação rapidíssima de humor, como também abusar das defesas que foram medidas há quase uma semana. Um dia extremamente abafado para essa época do ano, com um vento quente, horas fortíssimo, nos obrigando a ficar enfurnados em casa boa parte do dia, principalmente com a nossa baixinha esfomeada.

Manhã de tentativas para distraí-la em casa, mas a sua música era de uma nota só: "eu quero o meu papá!". Já pedia o almoço 10 da manhã. Tentamos contornar do jeito que dá, mas hoje a única forma para acalmá-la foi colocá-la em uma cadeira em frente à Evinha, que preparava o seu almoço, para ver que realmente estavam fazendo o seu almoço. Conseguimos esticar até o meio-dia e bateu dois pratos, ainda pedindo mais depois. O lado positivo é que como ela come de tudo, estamos lhe dando tudo o que pode ser de mais nutritivo, com legumes, verduras, boas proteínas, arroz integral, tentando fugir dos biscoitinhos e outras guloseimas que sempre pede.

Tia Anne nos deu o privilégio de uma visita e tivemos companhia para o almoço. Pôde atestar as deformidades que a cortisona provoca no corpinho da Bela e a sua prostração e irritação, alternando cada vez mais pequeníssimos momentos "up". Temos o nosso fiel da balança: Nana. Iluminada, parece que percebe a situação e mostra, além da irmã, agora para nós, que há vida, há alegria, há humor, há molecagem, há brincadeiras e sonhamos com o dia que veremos um par de filhas assim novamente. Se a Bela abre uma brecha para ficar "up", a Nana entra e estica esses momentos ao máximo, alegrando sua irmã guerreirinha. Se a janela se fecha, ela acalenta, conforta a Bela, com palavras carinhosas, respeitando o seu momento "down".

Aproveitamos um desses momentos no final da tarde, já com menos vento, e tiramos a Bela de casa, pois o motivo era de seu maior interesse: comida. E comida gostosa, tomar sorvete no Itália que abriu aqui pertinho e repor o nosso estoque de picolés. Falou em comida, não nega e quer sair. Tentamos esticar a abertura que nos dá e fomos mostrar para a Tia Anne as "Cooper Tartaruguis Itaipaivenses" e brincar no play do prédio novo, que as meninas adoram, além da nossa checada de final de semana do andamento da obra. Nosso tempo é curto e a Bela rapidamente pede para ir embora e se irrita "rapidissimamente", fazendo-nos descer a Faro para os sorvetes. Se acalma por pouco tempo, mas se levamos 3 segundos para colocá-la sentada no balcão e outros 3 segundos para trazer o seu copinho de sorvete de chocolate, sai de baixo! Se acalma quando come, somente. Daria prazer de ver, se não fosse um descontrole total. Matou o copinho em outros rápidos segundos e ainda tivemos que lhe dar uma casquinha de "sobremesa", tirando-a de lá, pois ela está em uma "sea food diet" (When she sees food, she eats! - frase de camiseta americana milenar). Como ouvimos hoje "Eu quelo mais batatinha!" em tom de súplica. Pede a cada um da casa, como se a alternância de interlocutores fosse resolver o seu problema. Confessamos que dá vontade de tampar os nossos ouvidos. É muita aflição ver o seu desespero por comida.

Essa obsessão por comida tirou o seu sono da tarde e somente acabou após a aventura "sorvetiniana", que lhe cansou e pediu para deitar. Natural. Aproveitamos e fomos com a Nana ver uma peça infantil no Tablado, que nos permitiu ir a pé. Tivemos a companhia da amiguinha Bebel, com a nossa querida Tia Teresa e do amiguinho Pepê, com sua fiel escudeira "Tiê". "O Dragão Verde" de Maria Clara Machado, que classificaríamos de mezzo mozzarella, mezzo calabresa. Valeu mais pelo tempo integral com a Nana. Ah se valeu!

Na volta para casa, recepcionados pelo som de "quero mais batatinhas", parada de sucesso que gostaríamos de atirar os discos pela janela. Nessas horas ficamos até mais tranquilos quando fica quietinha no seu canto, vendo seus vídeos, deitadinha em sua cama, ou indo dormir mais cedo. Melhor do que a ansiedade desbravada por comida para um abdome para lá de inchado. É para nós "missão cumprida" e mais um dia, menos outro dia. Estamos realmente no limite. Que Deus nos dê forças para aguentarmos os dias que ainda faltam pela frente, pois não é fácil pensarmos que amanhã não tem porque ser melhor que hoje.

Que Deus proteja também as nossas fiéis escudeiras Evinha e Nini, que esticou a semana, pois a nossa folguista Jô estava com amigdalite. Esse estado da Bela é de apavorar qualquer um e nos ajudam de uma forma que não temos palavras para agradecer. Obrigado de coração Eva e Elenir. Não é um trabalho normal e vocês aguentando o tranco junto de nós.

Hoje foi ainda dia de caça ao Erwinase. Fomos ate Zurich, de Zurich para Curitiba, de Curitiba à Santa Maria no Rio Grande do Sul, de Santa Maria à Recife e começamos a voltar a todos os lugares onde já batemos na porta pelo Erwinase. Não há no Brasil e nos resta esperar a chegada no final da próxima semana.

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Esperamos que tenhamos um domingo melhor do que o sábado e amanhã postamos mais notícias. Temos um grande motivo para termos um domingo melhor, pois amanhã é aniversário da Vovó Lena, avó, mãe e sogra querida. Como muitos já comentaram, nós atestamos no convívio diário o privilégio de termos muito próximos seus ensinamentos, sua fé e sua presença, sempre nos acalentando e nos dando forças nos momentos mais difíceis. Vovó, muitas felicidades por mais um ano de vida. É muito bom termos a sua presença marcante sempre conosco. Fiquem todos com Deus e bom domingo!