D167, PRECISAMOS DE MAIS!!!

Estamos vivendo um novo pesadelo. Mais um, quando achávamos que poderíamos já ter passado por tudo... Tomamos um susto no início da noite com o telefonema da hematologista, explicando que uma primeira olhada na lâmina com o material colhido da medula foram encontradas algumas células estranhas. Imediatamente pediu para o laboratório acompanhar muito de perto o exame, que confirmou a imaturidade de alguns linfócitos. Pode ser o que não queremos, a doença residual, mas poderiam também ser os linfócitos sendo afetados por um possível quadro viral da Bela, talvez o resfriado que teve na semana passada, um vírus e não uma infecção e o organismo fazendo sua parte. Fez-se necessária essa ligação dos médicos, apesar do quadro não conclusivo, pois a estratégia é parar imediatamente os corticóides que começaram hoje mesmo, caso haja a necessidade de se refazer o exame e termos nova medula "cheia" na próxima semana. Repetimos o título do post do D25, um sábado, dia 16 de fevereiro, quando pedimos mais, e fomos atendidos por vocês junto à turma lá de cima.

Pressionamos os médicos, perguntando se estavam nos escondendo algo mais, se seriam notícias em doses homeopáticas, mas foram enfáticos que não. Temos que jogar seguro o tempo todo e sempre alertas. Essa desconfiança dessas células nos leva a interromper a fase do tratamento que estava começando hoje. As células ainda estão crescendo no exame e algumas ainda não disseram ao que vieram. Temos que esperar a conclusão, que pode ser feita em até 4 dias. Ou não, aí teremos que repetir o exame na próxima segunda e esperar mais alguns dias para a análise. De novo um teste para os nossos corações e ansiedade. Dado este cenário, toma-se a decisão de suspender o tratamento temporariamente e não esvaziar a medula, antes de confirmar o que realmente é. Gostaríamos de não pensar no pior, que faria repensar toda a linha de tratamento e classificação de risco do mesmo. Mas os pensamentos voam pelas nossas cabeças.

O mielograma estuda quantitativamente e também qualitativamente as células do sangue em crescimento, como se comportam as hemáceas, plaquetas e os leucócitos. Muita fé de que realmente seja um quadro viral, e que os imaturos linfócitos que apareceram sejam resquícios desse quadro, que clinicamente poderia ser a coriza da Bela, certas tosses secas que agora estão mais espassadas e as crises de tosse e espirros da semana passada. A parte vermelha mostrou novamente a sua curva ascendente de recuperação, assim como as plaquetas. Por favor, que assim seja.

Hoje a Bela sentiu o baque do acordar cedo, anestesia e punção. Reclamou algumas vezes "está doendo minha barriga" e ficamos na dúvida se não seriam as costas, pois a agulha que lhe invade não é nada pequena e um certo dolorido deve ficar pelo local. Ficou bem tonta e prostrada após a anestesia. Caidinha ainda de tarde, mas graças a Deus ficou um pouco mais animada no início da noite e com um apetite de arrasar o quarteirão. Por mais que tenha sido interrompida a medicação com corticóides, as doses que já entraram foram pesadas e sabemos que abre muito o apetite.

Se ontem pedimos, pedimos e pedimos, hoje pedimos mais ainda. Transcrevemos cada letra do último parágrafo do post do dia 16 de fevereiro, pois se as circunstâncias são diferentes, o objetivo é o mesmo. "Cada um de sua forma, pense muito, mas muito, muito mesmo na Bela e em nós, para nos dar mais força, para que essa fase difícil passe logo, pois não está sendo nada fácil. Não tirem a gente de seus pensamentos, reforcem se já estamos neles. Precisamos de mais do que já nos dão, se puderem. Obrigado, Bel e Rodrigo. "

Dormir hoje não vai ser nada fácil. Fiquem com Deus e daremos notícias, esperamos que maravilhosas.

PS: O dia já começou bastante duro, ao encontrarmos no hospital com a família inteira do menino João Roberto, de 3 anos, baleado no carro com sua mãe e irmão na Tijuca na noite de domingo. Uma tristeza só que rasgou nossos corações e chegamos a dizer um para o outro: "Não temos problemas..."