Febre quinzenal?

Será nesse ritmo? Haja coração! Repetimos essa frase "galvaobueníticardíaca" diversas vezes ao longo desse último ano. Quantas com maior intensidade, de outros momentos diferentes do que os de agora, mas sustos que nos pegam começando a relaxar, meio que desprevinidos, começando a gostar da nova vida, mas o Planeta Leucemia tem um magnetismo que não nos permite nos afastar dele assim tão fácil.

Tivemos dias maravilhosos em Friburgo contados no último post, quarta-feira passada, que fechou com mais uma aplicação do nosso amigo MTX no sistema nervoso central da Bela. Até que conseguimos estabilizar bem a baixinha no day-after, tanto que o MTX oral agendado para a quinta não foi postergado. Nosso amigo Zofran acompanhando a Bela direto, tentando equilibrar a baixinha. Deu tudo certo, nos permitindo uma sexta-feira deliciosa na casa da Vovó Cecília, com as meninas podendo aproveitar bastante, rever os seus gatinhos que adoram e chegarem felizes e desmontadas no final do dia maravilhoso.

Sábado de ressaca, acordando todos tarde, quase na hora do almoço, pois usualmente tomam suas vitaminas nas mamadeiras e voltam a dormir, as duas. Passeios aqui por perto, com as duas levando um batalhão de bonecas para conhecerem o laguinho das tartarugas do Rua Itaipava, volta parando no play do prédio novo e um bom banho de piscina para refrescar por lá mesmo, pois a do nosso prédio infelizmente ainda não está pronta. Obras emergenciais, certamente não programadas para acontecerem no verão, do prédio tão bem administrado pela Lia. Vemos a diferença quando vamos no novo. Tudo ótimo, todas muito bem, que ainda aproveitaram a visita em boa parte da tarde da Tia Gabi, que tanto adoram e com quem tanto se divertem. Ainda deu tempo de tomar sorvete com a Cecília, nossa vizinha, e nossas duas sem cerimônia aceitaram no mesmo momento. Foi um dia também maravilhoso.

Domingo prometia um repeteco. Exceto pela manhã extremamente abafada e pela Bela que acordou quietinha, reclamando da sua barriga. Como imaginávamos pela associação da reclamação que é a que sabe fazer, cargas ao mar. Pareceu melhorar, esperamos um tempinho para entrar com o Zofran. O pouco de líquido com o comprimido macerado e o resto da mamadeira da manhã foi embora. Nana se desespera. Entra o Dramin em gotas e nossa baixinha parece ter se livrado do mal estar, até almoçando relativamente bem. A programação era ir visitar as priminhas, fazer companhia em um dia que não era alegre, pois a dinda estava saindo para viajar a trabalho por quase duas semanas, quando o dindo trabalha fora do Rio. Acabamos atrasando e fomos todos, pois a Bela pedia para ir, mas em um estado um pouco lento, possivelmente consequência do Dramin. Para nossa alegria se animou e pediu para aproveitar o final de tarde na piscina, em um dia realmente muito quente. Volta para casa e capotou, mas a temperatura mais quente é que não estava no script.

Chegada em casa com 37,8° C e começamos a fazer nova curva térmica. Cedeu um pouco, mas optamos por ir logo para o Copa D'Or fazer novo hemograma, para não corrermos o risco da febre maior vir mais tarde e termos que parar lá de madrugada, como da última vez. Acertamos. Fomos logo depois das 7 da noite, quando ocorre a troca de plantões, mas duas horas se foram como se fossem alguns minutos, febre subindo, descendo, se mantendo, mas sem nenhum pico, até termos as respostas dos exames, que graças a Deus nos deram mais uma confirmação de que tem defesas para combater os oportunistas. Saímos até no momento de menor febre, com 36,8°, com a baixinha pedindo para ir encontrar com as priminhas e a Nana, que tinham sido rapidamente resgatadas pela Vovó Lena e Vovô Beto, para o lanche no Mc Donalds que havíamos prometido e não teríamos como cumprir. Já era tarde e trocamos por uma ida ao Zona Sul e levar umas pizzas para casa, que a Bela adora. Lá o febrão chegou. Pediu colo e apagou aninhada com a mamãe e confirmamos os 38° C ainda no carro, que pelo protocolo é anti-térmico e ida para o hospital para o hemograma de checagem das defesas. Agora é esperar a febre baixar, ir acompanhando, mas pelo menos uma boa mamadeira reforçada ela já tomou, pois o apetite naturalmente foi-se embora. Está cedendo pouco ainda.

A missão do momento é de vigília, estado de alerta, de acompanharmos de perto, rezarmos e torcermos para que a febre se vá e não tenha mais nada. Tudo leva a crer que é um quadro viral, mas o estado de total "atensão" voltou, embrulhando os nossos estômagos. Férias amanhã? Negativo. Ao menos postergadas. Subida para Itaipava otimistamente adiada de segunda para terça, quando um novo hemograma deverá ser feito, caso tudo esteja bem. Esperamos e pedimos muito para que esteja. Desejamos. Rodrigo precisa. Essas intercorrências nos consomem. Fazemos e sempre faremos de tudo pela nossa baixinha, mas vê-la assim prostrada, quando um ano vai se completando, realmente não nos traz boas recordações. Nossas cabeças cartesianas já fazem projeções e desanimadamente pensamos se teremos uma fase de manutenção com febres a cada quinze dias. Não dá para pensar diferente, principalmente agora quando escrevemos e a baixinha ainda segue quentinha, dormindo desacordada.

Será que dá para pedirmos mais um pouco de novo? Pedimos. Papai amanhã não vai escapar de ter que ir ao escritório quando já programava férias, mas com um sentimento de culpa menor por um lado por não podermos viajar, mas preocupado por outro, torcendo que nossa baixinha já esteja alegre, falante e sorridente e lhe deixe mais tranquilo quando fora de casa. Como já dissemos algumas vezes, por mais que já tenhamos passado por momentos realmente muito duros que já ficaram para trás, é uma doença desumana, com um tratamento não tão menos desumano mas necessário, que é uma provação a toda hora, todo minuto para nós e nossa família, especialmente para a Nana, que sofre nesses dias em que a irmã não está legal. Pedimos mais e agradecemos por estarem sempre aqui próximos nos apoiando. Fiquem com Deus e até breve, com notícias melhores, esperamos muito.