sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Engrenando novamente

Tempo firmando e saúde idem. Julho já vai ficando bem longe e Agosto, não foi mês de desgosto. Desde que havíamos iniciado em meados de Outubro a jornada de 72 semanas da Manutenção, tivemos raríssimas intercorrências e Julho chegamos a 10 dias de interrupção na quimio, chegando até a carimbar um Granulokine no passaporte da viagem que fazemos. "Manutensão" total em Julho e curtição total em Agosto, com fotos das férias esticadas pela gripe suína aqui salpicadas, imagens que dispensam comentários, com a participação das queridas priminhas Carol e Bia.

Talvez a melhor parte daquele período mais complicado foi podermos conhecer verdadeiramente a filha que temos, que a última vez assim tinha sido em 2007. Após uns 7 dias "limpa", sem drogas para que o seu organismo se recuperasse das viroses, saindo da anemia e com defesas voltando, tivemos uns 2 ou 3 dias da Bela em sua plenitude. Uma delícia de criança, alegre, saltitante, pulante, cantante, moleca, tudo de bom! Aproveitamos ao máximo aqueles dias, pois "show must go on" e os nossos amigos de todas as noites tinham que voltar. Aos pouquinhos foram voltando, voltando e logo, em torno de duas semanas já estavam em suas cargas totais. Maravilhosamente voltamos à velocidade de cruzeiro, na qual ficamos um bom tempo no primeiro semestre e agora com o tempo um pouco mais quente, sem aqueles dias frios, chuvosos e consequentemente úmidos, sem viroses, tosses ou espirros. Velocidade de cruzeiro em céu de brigadeiro? Amém. Para ela então nem se fala, pois os "mosquitinhos" podem voltar a ser a cada quinze dias. Ultimamente foi brabo. Quase toda a semana e as vezes a cada 2 ou 3 dias. Tadinha, mas pouco reclama. Nos últimos exames brigava com a gente, dizendo que queria ver o mosquitinho quando colocávamos o seu soninho no rosto, para evitar ver a agulha e o sangue. Pediu, viu, pouco chorou e depois já estava brincando e mais uma vez colaborando com o inevitável.




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Suínas a parte, tempo mais firme e volta às aulas. A Nana estava louca para voltar, perguntando todos os dias se já era dia de escola. Voltou no dia 17, como a grande maioria. Bela dizia que não queria ir à escola. Nem nós queríamos que fosse. Estava bem assim. Cá pensamos com os nossos botões que se e quando voltasse, nova readaptação na escola teríamos que fazer, pois a vontade era zero. A irmã foi indo, o tempo foi melhorando e no final daquela semana dissemos que iríamos deixar na escola o guarda-chuva que sua querida amiguinha Juju esquecera aqui em casa. Disse que ela queria ir levar e que gostaria de trocar de roupa. Malandra, já imaginava que poderia ficar, mas não falou nada. Não sabia como seria sua própria reação. Pediu para ir lá dentro, na sala de aula, para levar o guarda-chuva e... "eu vou ficar aqui um pouquinho". Nos falamos ao telefone: tempo quente, firmando, tudo aberto e escola super cuidadosa. Um pouco reticentes deixamos ela lá. Se nós adultos complicamos o fácil, nossos pequenos simplificam o que achamos difícil. Adaptação feita em 3 segundos. De lá para cá tem ido todos os dias, adorando e nos contando de forma vibrátil tudo o que faz e acontece, principalmente falando dos seus queridos amiguinhos. Uma delícia.

Mas, há uns dias que ganhamos um belo de um "helloooo" do Planeta Leucemia. Espirros e tosses? Foi a Nana! Ufa! Comemoramos. Bela tossindo? Frio na espinha. Não há uma única vez que não cheguemos perto para lhe fazer um carinho e não coloquemos a mão no seu pescoço para sentir a temperatura. Achamos que ela percebe, mas sabe que faz parte do jogo. Uma noite na semana passada, simplesmente do nada - do nada não deve ser pois alguma razão há de existir - a Bela deita e tem uma acesso de tosse, de fazê-la chorar, por não conseguir dormir, nós então... Mandingas e simpatias em vão até que um xarope acalmasse a tosse e ela conseguisse dormir. Ela sim, nós não. Rodrigo com taquicardia novamente, Bel com insônia até as 4 da manhã, perfeito para nós que queremos recuperar a nossa saúde, principalmente quando estresse e falta de sono são boas causas para uma baixa imunidade. Temos que nos acostumar a esses solavancos inesperados. Achamos que nunca nos acostumaremos.

Mas vamos seguindo, com a Bela bem, que é a mais pura verdade. Crescendo! Foi na endocrinologista outro dia e cresceu mais 4 centímetros! Já está com 97 cm, recuperando muito a distância que estava e indicando que estará acima da curva. Usualmente o crescimento fica estagnado durante a parte mais dura do tratamento x doença e depois vai se recuperando. A Bela não está diferente, graças a Deus. Comendo bem também, que nos tranquiliza muito, principalmente nos finais de semana, que o MTX que entra na quinta a noite baqueia bem e o rescaldo com o Vonau continua até segunda. Tem funcionado. Time que está ganhando não se mexe e os remédios contra enjôo continuam na roda semanalmente.

Enfim, continuamos andando, pedindo para que a primavera chegue logo, que o frio, chuva e umidade voltem somente no inverno do próximo ano, que o tempo firme, para que possamos continuar caminhando, avançando no tratamento. Outro dia mexendo em vídeos antigos, pegamos um do Carnaval desse ano. Tão ali, mas ao mesmo tempo tão longe. Parece que foi ontem, mas já se passaram 7 meses, quase 30 semanas. Parece ontem, mas foram quase 30 semanas de tratamento que já se passaram nesse período. 47 semanas corridas já ficaram para trás. Interrupções cá e acolá, retomadas com doses parciais, devemos ter umas 2 ou 3 para pagar lá na frente, pois o que vale é a dosagem plena dos quimioterápicos. Final de março, início de abril deveremos estar encerrando o tratamento. Mais provável final de abril? Talvez.

Que seja antes do inverno. Que possamos ter a nossa Bela de volta e possamos viver novamente no Planeta Terra em sua plenitude, vida de terráqueo, poder viajar para lugares que fiquem a mais de uma hora e pouco do Rio, poder viajar de avião, poder esperar febres baixarem sem se preocupar, poder não se apavorar por saber que ela tem defesas, vê-la moreninha sem sua palidez da anemia. Se Deus quiser esse dia há de chegar e desse biênio possamos extrair todas as boas lições que aprendemos e possamos usá-las para ajudar muita gente que pode precisar.

Foi bom contar para vocês mais um pouquinho de como temos andado. Beijos e abraços. É bom tê-los por perto. Fiquem com Deus e que venha o calor!